segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Síndrome de Machado-Joseph

Detalhes sobre a Síndrome de Machado-Joseph, caracterizada pelo desequilíbrio do corpo e pelas dificuldades de movimentação.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Resumo da Síndrome de Machado Joseph



Resumo:

Os autores apresentam o estudo realizado em 5 membros afetados de uma família portadora de Doença de Machado-Joseph. São abordados os diferentes tipos clínicos da doença encontrados, bem como os exames complementares realizados, em particular os estudos de tomografia craniana, exames neurofisiológicos (eletromiografia, estudo de condução nervosa, estudo de potencial evocado auditivo), biópsias de nervo periférico e de músculo estriado esquelético com estudo histoquímico.

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Tipos de Doenças de Ataxia Espinocerebelar




Tipos:

Caso isolado: Atrofia Cortical cerebral Atrofia de múltiplos sistemas (Atrofia Olivopuntocerebelar)
Hereditário:
1 Herança autossômica dominante
Ataxia espinocerebelar tipo 1 (SCA1) :Ataxia Dominante Degenerativa
Ataxia espinocerebelosa tipo 2 (SCA2) :Ataxia Dominante Degenerativa
Ataxia espinocerebelar tipo 3 (SCA3, Vulgo: Doença de José Machado) :Ataxia Dominante Degenerativa
6 ataxia espinocerebelar tipo (SCA6) :Ataxia Dominante Degenerativa
7 ataxia espinocerebelar tipo (SCA7) :Ataxia Dominante Degenerativa
10 ataxia espinocerebelar tipo (SCA10) :Ataxia Dominante Degenerativa
12 ataxia espinocerebelar tipo (SCA12) :Ataxia Dominante Degenerativa
Até o presente momento foram descobertas até a ataxia espinocerebelar tipo 17
Atrofia Dendato-Rubro-Paulidusiana (DRPLA) :Ataxia Dominante Degenerativa
Ataxia Episódica tipo 1 (AE-1) :Ataxia Dominante Episódica
Ataxia Episódica tipo 2 (AE-2) :Ataxia Dominante Episódica
2 Herança autossômica recessiva
Ataxia de Friedreich (FRDA) :Ataxia Recessiva Degenerativa
Síndrome da deficiência única de vitamina E (AVED) :Ataxia Recessiva Metabólica
Apraxia Oculomotora, baixa Albumina sanguínea e doenças associadas com Ataxia Cerebelar de início precoce (EOAH)
Ataxia de deficiência de coenzima Q10 (CoQ10) :Ataxia Recessiva Degenerativa
Abetalipoproteinemia :Ataxia Recessiva Metabólica
Ataxia Teleangiectasia (Síndrome de Louis Bar ou AT) :Ataxia Recessiva Defeituosa no reparo do DNA

AUXILIO / MIELINA

As fibras nervosas localizadas no interior e fora do cérebro são envoltas por uma membrana isolante denominada bainha de mielina. De forma muito semelhante ao isolamento de um fio elétrico, a bainha de mielina permite que impulsos elétricos sejam conduzidos ao longo da fibra nervosa com velocidade e precisão. Quando a mielina é lesada, os nervos não conduzem os impulsos nervosos de modo adequado. Ao nascimento, muitos dos nervos dos recém-nascidos não possuem bainhas de mielina maduras e, por essa razão, seus movimentos são grosseiros, espasmódicos e incoordenados. O desenvolvimento normal das bainhas de mielina encontra-se comprometido em crianças que nascem com determinadas doenças hereditárias como, por exemplo, a doença de Tay-Sachs, a doença de Niemann-Pick, a doença de Gaucher e a síndrome de Hurler. Esse desenvolvimento anormal pode acarretar defeitos neurológicos permanentes e, freqüentemente, extensos. O acidente vascular cerebral, a inflamação, as doenças auto-imunes e os distúrbios metabólicos figuram entre os processos que podem causar destruição da bainha de mielina no adulto, processo este denominado desmielinização. Os venenos ou drogas, como as bebidas alcoólicas consumidas excessivamente, também podem lesar ou destruir a bainha de mielina. Se a bainha tiver capacidade de reparação ou de regeneração, a função normal do nervo pode ser recuperada. Caso a desmielinização seja extensa, o nervo geralmente morre, acarretando uma lesão irreversível. A desmielinização do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) ocorre em vários distúrbios de etiologia desconhecida (doenças desmielinizantes primárias). A esclerose múltipla é a mais conhecida.A esclerose múltipla é um distúrbio no qual ocorre desmielinização de áreas isoladas dos nervos dos olhos, do cérebro e da medula espinhal. O termo esclerose múltipla é decorrente das múltiplas áreas de cicatrização (esclerose) que representam muitos focos de desmielinização no sistema nervoso. Os sinais e sintomas neurológicos da esclerose múltipla são tão diversos que o médico pode não diagnosticá-la quando os primeiros sintomas ocorrem. Como a doença freqüentemente piora lentamente no decorrer do tempo, os indivíduos afetados apresentam períodos de saúde relativamente boa (remissões) alternados com períodos de fraqueza (exacerbações). Cerca de 400.000 americanos, na maioria adultos jovens, apresentam a doença. Causas A causa da esclerose múltipla é desconhecida, mas suspeita-se que um vírus ou algum antígeno desconhecido sejam os responsáveis que desencadeiam, de alguma maneira, um processo autoimune, geralmente no início da vida. Em seguida, o corpo, por alguma razão, produz anticorpos contra sua própria mielina. Os anticorpos produzem inflamação e lesam a bainha de mielina. A hereditariedade parece ter um papel na esclerose múltipla. Cerca de 5% dos indivíduos afetados posuem uma irmã ou irmão que também apresenta a doença e aproximadamente 15% deles possuem um parente próximo afetado. Os fatores ambientais também têm um papel. A esclerose afeta 1 em cada 2.000 indivíduos que passam a primeira década de sua vida em climas temperados, mas ela afeta somente 1 em cada 10.000 indivíduos nascidos em regiões tropicais. A esclerose múltipla quase nunca afeta indivíduos nascidos e criados próximos ao equador. O clima no qual o indivíduo viveu a primeira década de vida parece ser mais importante que o clima onde ele passou os anos subseqüentes. eralmente, os sintomas surgem entre os 20 e os 40 anos de idade. As mulheres são mais propensas à doença que os homens. A desmielinização pode ocorrer em qualquer parte do cérebro ou da medula espinhal e os sintomas dependem da área afetada. A desmielinização nas vias nervosas que conduzem sinais aos músculos acarreta problemas da mobilidade (sintomas motores), enquanto a desmielinização de vias nervosas que conduzem as sensações ao cérebro causa alterações sensitivas (sintomas sensoriais). Os sintomas iniciais mais comuns são o formigamento, a dormência ou outras sensações peculiares nos membros superiores, nos membros inferiores, no tronco ou na face. O indivíduo pode apresentar perda da força ou da destreza em um membro inferior ou em uma mão. Alguns indivíduos apresentam apenas sintomas oculares e podem apresentar visão dupla, visão borrada ou nublada, cegueira parcial, dor em um dos olhos ou perda da visão central (neurite óptica). Os sintomas iniciais podem incluir alterações emocionais ou mentais. Essas indicações vagas de desmielinização cerebral algumas vezes iniciam muito antes que a doença seja reconhecida. A esclerose múltipla apresenta uma evolução variável e imprevisível. Em muitos indivíduos, a doença começa com um sintoma isolado, seguido por meses ou anos sem outros sintomas. Em outros, os sintomas tornam-se piores e mais generalizados em semanas ou meses. O clima muito quente, um banho de imersão ou uma ducha quente ou mesmo um quadro febril pode piorar os sintomas. A recidiva da doença pode ocorrer espontanteamente ou pode ser desencadeada por uma infecção (p.ex., gripe). Quando as recidivas tornam-se mais freqüentes, a incapacitação piora e pode tornar-se permanente. Apesar da incapacitação, quase todos os indivíduos com esclerose múltipla têm uma expectativa de vida normal. s médicos consideram a possibilidade de esclerose múltipla em indivíduos jovens que subitamente apresentam visão borrada, visão dupla ou anormalidades motoras e sensoriais em diferentes partes do corpo. O padrão de recidivas e recuperações torna o diagnóstico mais provável. Quando os médicos suspeitam de esclerose múltipla, eles realizam um exame neurológico minucioso durante o exame físico. Os sinais que indicam um funcionamento inadequado do sistema nervoso são os movimentos oculares incoordenados, a fraqueza muscular ou a dormência em diversas partes do corpo. Outros achados, como a inflamação do nervo óptico e o fato dos sintomas surgirem e desaparecerem, permitem o estabelecimento do diagnóstico com razoável certeza. Não existe um exame que por si seja diagnóstico. No entanto, alguns exames laboratoriais podem diferenciar a esclerose múltipla de outros distúrbios com sintomas similares. O médico pode realizar uma punção lombar (punção espinhal) para coletar uma amostra de líquido cefalorraquidiano. Os indivíduos com esclerose múltipla tendem a apresentar uma quantidade um pouco mais elevada de leucócitos e uma concentração discretamente mais elevada de proteínas do que o normal no líquido cefalorraquidiano. A concentração de anticorpos no líquido cefalorraquidiano pode ser elevada e tipos específicos de anticorpos e outras substâncias estão presentes em até 90% dos indivíduos com esclerose múltipla. A ressonância magnética (RM) é a técnica mais sensível de diagnóstico por imagem, podendo revelar áreas desmielinizadas do cérebro. A ressonância magnética pode inclusive diferenciar áreas de desmielinização ativa e recente de outras mais antigas ocorridas tempos atrás. Os potenciais evocados são um tipo de exame que registra as respostas elétricas no cérebro quando os nervos são estimulados. Por exemplo, o cérebro normalmente responde a uma luz cintilante ou a um ruído com padrões característicos de atividade elétrica. Nos indivíduos com esclerose múltipla, a resposta pode ser mais lenta porque a condução dos sinais ao longo de fibras nervosas desmielinizadas encontra- se comprometida. O beta-interferon injetável, um tratamento relativamente novo, reduz a freqüência das recidivas. Outros tratamentos promissores ainda sob investigação incluem outros interferons, a mielina oral e o copolímero 1, os quais ajudam a evitar que o corpo ataque sua própria mielina. Os benefícios da plasmaferése e de gamaglobulinas intravenosas ainda não foram estabelecidos e esses tratamentos não são práticos para uma terapia de longa duração. Há décadas, os corticosteróides, como a prednisona tomada pela via oral ou a metilprednisolona administrada pela via intravenosa, durante períodos curtos para aliviar os sintomas agudos têm sido a principal forma de terapia. Apesar deles poderem reduzir a duração dos episódios, esses medicamentos não impedem a incapacitação progressiva a longo prazo. Os benefícios dos corticosteróides podem ser superados pelos muitos efeitos colaterais que essas drogas podem causar quando utilizadas prolongadamente (aumento da susceptibilidade à infecção, diabetes, aumento de peso, fadiga, osteoporose e úlceras). Outras terapias imunossupressoras, como a azatioprina, a ciclofosfamida, a ciclosporina e a irradiação total do sistema linfóide, não demonstraram ser úteis e podem causar complicações significativas. Freqüentemente, os indivíduos com esclerose múltipla podem ter uma vida ativa, embora eles possam cansar-se facilmente e possam não conseguir cumprir um esquema muito exigente. A prática de exercícios regulares (pedalar uma bicicleta ergométrica, caminhar, nadar ou realizar alongamento) reduz a espasticidade e ajuda a manter a saúde cardiovascular, muscular e psicológica. A fisioterapia pode ajudar na manutenção do equilíbrio, na capacidade de deambulação e na amplitude dos movimentos e pode reduzir a a espasticidade e a fraqueza. Os nervos que controlam a micção ou a evacuação também podem ser afetados, levando à incontinência ou à retenção urinária ou fecal. Muitos indivíduos aprendem como passar uma sonda vesical para esvaziar a bexiga e iniciam um programa terapêutico com o uso de emolientes fecais ou laxantes para auxiliar a evacuação. Aqueles que se tornam fracos e aqueles incapazesde se movimentar com facilidade podem apresentar úlceras de decúbito e, por essa razão, eles e os responsáveis por seus cuidados devem tomar um cuidado especial para evitar esse tipo de lesão cutânea.


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Principais Sintomas de Síndrome de Machado Joseph(Ataxia Espinocerebelar)




Principais sintomas:

Como dito anteriormente, os diferentes quadros clínicos da doença podem contribuir para diversos sintomas diferentes. Entretanto, de forma geral, podemos observar que os primeiros sintomas normalmente consistem em desequilíbrio, cãibras e formigamentos dos pés, que se desenvolvem para um quadro mais grave. Os sintomas podem incluir:
Perda dos movimentos;
Disartria (Dificuldade na formação de palavras, que se desenvolve à perda total da fala)
Disfagia (Dificuldade de deglutição, ou seja, de engolir)
Diplopia (Visão dupla)
Nistagmo (Movimentos involuntários do globo ocular)
Sinal de Babinski (Contração involuntária do hálux, ou seja, o dedão do pé)
Falta de equilíbrio
Rigidez muscular em membros inferiores;
Cãibras
Formigamento nos pés
Incapacidade de ler e escrever
Incapacidade de reconhecimento espacial (Reconhecer distâncias)
Fasciculações da língua e da face
Distonia postural (Incapacidade de apresentar uma postura correta)
Disbasia (Dificuldade e cambaleamento no movimento da marcha, ou seja, ao andar)
Movimentos lentos e/ou em desarmonia com movimentos paralelos


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O que é Ataxia ?


O Que é Ataxia? 
Ataxia, do grego ataxis, quer dizer sem ordem ou incoordenação, é um sintoma, não uma doença específica ou um diagnóstico. Ataxia significa a perda de coordenação dos movimentos musculares voluntários; é um termo que cobre uma grande variedade de desordens neurológicas e, portanto, pode fazer parte do quadro clínico de numerosas doenças do sistema nervoso. Algumas formas de ataxia são mais comuns que outras e têm até nomes específicos, como por exemplo a ataxia de Friedreich, a mais comum entre as ataxias. Algumas ataxias são causadas por uma anormalidade genética e com frequência os primeiros sintomas aparecem na infância (early onset). Outras formas podem aparecer até a metade da vida e são então conhecidas como de iniciação tardia (late onset). Geralmente, todo esse grupo de desordens neurológicas é conhecido como ataxia degenerativa porque os sintomas se agravam com o passar do tempo.

A ataxia pode afetar os dedos, as mãos, os braços, as pernas, o corpo, a fala ou o movimento dos olhos. Essa perda de coordenação pode ser causada por diversas condições médicas ou neurológicas; por essa razão é importante que uma pessoa com ataxia procure auxílio médico para determinar a causa subjacente do sintoma e obter o tratamento apropriado.

[ Causas da Ataxia ]


A ataxia é mais frequentemente causada por uma perda da função do cerebelo, a parte do cérebro que serve como centro de coordenação, localizado na parte inferior e de trás da cabeça, na base do cérebro. O lado direito do cerebelo controla a coordenação do lado direito do corpo e o lado esquerdo controla a coordenação do lado esquerdo. A parte central do cerebelo é responsável pela coordenação dos complexos movimentos de andar. Outras partes do cerebelo ajudam a coordenar o movimento dos olhos, da fala e da deglutição.

A ataxia pode também ser causada por uma disfunção das vias condutoras para dentro e para fora do cerebelo. Informações vem para o cerebelo da medula espinhal (a parte do sistema nervoso central contida na coluna vertebral) e de outras partes do cérebro, e sinais saem do cerebelo para a medula espinhal e para o cérebro. Ainda que o cerebelo não controle diretamente a energia (função motora) ou a sensibilidade (função sensorial), as vias de energia e sensoriais devem trabalhar adequadamente para fornecer a correta entrada para o cerebelo. Assim, uma pessoa com a energia ou a capacidade sensorial prejudicada pode notar perda de coordenação ou falta de jeito, e então um médico poderá dizer que essa pessoa tem ataxia.

Muitas condições médicas ou neurológicas podem causar ataxia. Algumas vezes a ataxia aparece subitamente, outras vezes ela pode aparecer gradualmente. Condições em que a ataxia pode aparecer subitamente incluem trauma craniano, derrame cerebral, hemorragia cerebral, tumor cerebral, anomalia congênita (má formação da parte posterior do cérebro), pós-infecção (depois de uma severa infecção viral), exposição a certas drogas ou tóxicos (por exemplo, álcool ou intoxicação medicamentosa), ou após uma parada cardíaca ou respiratória. Condições em que a ataxia pode aparecer gradualmente incluem hipotireoidismo, deficiência de certas vitaminas (por exemplo, vitamina E ou vitamina B12), exposição a certas drogas ou tóxicos (por exemplo, metais pesados, excesso de medicação, alcoolismo crônico, certas drogas cancerígenas), algumas espécies de câncer (por exemplo, de ovário ou de pulmão), anomalia congênita (má formação da parte de posterior do cérebro), esclerose múltipla, sífilis (ataxia locomotora), doenças hereditárias ou degeneração cerebelar de causa desconhecida.

[ Diagnóstico da Ataxia ]


O diagnóstico requer inicialmente um questionamento médico sobre a ataxia, como ela começou, se está piorando, se existem outros sintomas, se outros familiares também apresentam sintomas, e assim por diante. Uma parte muito importante da avaliação médica é o exame neurológico. Geralmente pelo exame neurológico o médico pode determinar se a ataxia é causada por um problema no cerebelo, suas vias associadas, ou por outras partes do sistema nervoso. Um cuidadoso exame físico geral e neurológico pode também determinar se outras partes do sistema nervoso estão comprometidas e se alguma enfermidade pode estar causando a ataxia. Pode ser útil para o neurologista também o exame de outras pessoas da família.

A análise de sangue e as radiografias podem ser muito úteis no diagnóstico das condições médicas e neurológicas que podem causar a ataxia, ou em relacionar suas possíveis causas, assim como a imagem do cérebro e/ou medula espinhal por tomografia computadorizada ou ressonância magnética, e (dependendo dos sintomas) avaliação de câncer, esclerose múltipla ou neuropatia periférica.

O neurologista é o médico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças no cérebro e sistema nervoso.

[ Ataxia Hereditária e Esporádica ]


Quem é mais susceptível de ter ataxia? Em uma resposta simplificada podemos dizer que qualquer pessoa pode ter ataxia; independentemente de sexo, idade ou raça. Uma resposta mais completa requer que definamos duas categorias opostas de ataxia. A primeira, ataxia hereditária, refere-se a certo grupo de degenerações espinocerebelares (medula espinhal e cérebro). Inclui uma grande variedade de mudanças físicas ocorrendo com o sistema nervoso, tornando muitas vezes difícil uma classificação precisa. As ataxias hereditárias são subdivididas em dominantes e recessivas. A outra, ataxia esporádica, ocorre em indivíduos que não tem histórico familiar de tal doença. Entre as doenças médicas e neurológicas que podem causar ou ser associadas com ataxias esporádicas estão o câncer (particularmente o câncer de pulmão e de ovário), alcoolismo crônico, certas deficiências de vitaminas (por exemplo, B12 e E), hipotireoidismo, certas drogas (por exemplo, para tratamento de epilepsia), derrames cerebrais, tumores ou cistos no cerebelo, efeitos residuais de encefalite ou sufocação, exposição a certas drogas tóxicas (por exemplo, metais pesados, tais como chumbo e tálio), certas desordens enzimáticas ou metabólicas raras, esclerose múltipla, vários tipos de neuropatia periférica.

[ Ataxia Hereditária Dominante e Recessiva ]


Em geral, as ataxias hereditárias são transmitidas de duas formas diferentes: dominantes ou recessivas. Embora existam algumas exceções, estes dois modos de transmissão cobrem a maioria das ataxias hereditárias.

Se um particular tipo de ataxia é descrito como sendo dominante (herança autossômica dominante), então isto significa que ela é transmitida na família. Como nossos cromossomos são em pares, nós temos duas cópias de cada gene; herdamos um de cada um de nossos pais. Nas doenças dominantes, como SCA1, uma única cópia herdada de um dos pais é suficiente para transmitir a doença. A outra cópia pode ser normal, mas na presença de um só gene SCA1, a pessoa apresentará os sintomas da doença. Se apenas um dos pais tem uma doença dominante, um filho tanto pode herdar uma cópia normal do gene como a cópia defeituosa, dando então origem à desordem genética. Assim há uma igual probabilidade para o gene herdado, portanto o risco de desenvolver os sintomas são de 1 em 2 ou 50%.

Na herança recessiva (herança autossômica recessiva), uma única cópia de um gene defeituoso não é suficiente para transmissão da doença; uma só cópia do gene é o bastante para realizar a função adequadamente. Isto significa que há muitas pessoas que são portadoras de cópias defeituosas, mas porque elas tem também uma cópia normal do gene, elas não desenvolvem nenhum sintoma. Este é o caso da ataxia de Friedreich.

Alguns raros tipos de ataxias são devidos a mutações no código DNA produzido no momento da concepção. Não se trata de herança dos pais e são frequentemente tomadas como sendo ataxias esporádicas. Algumas dessas novas mutações no DNA podem então ser passadas como dominantes.

[ Tratamento da Ataxia ]


1. O tratamento da ataxia busca corrigir a causa para promover uma recuperação do paciente. Quando isto não é possível, a terapêutica envolve o uso de dispositivos adaptados para permitir ao indivíduo manter o máximo de autonomia. Tais dispositivos podem incluir bengalas, muletas, andadores ou cadeiras de rodas para aqueles com dificuldades de caminhar; dispositivos para auxílio na escrita, na alimentação e nos cuidados pessoais para aqueles com dificuldades na coordenação de mãos e braços, e aparelhos de comunicação para aqueles com dificuldades de fala.

2. Estudos e pesquisas apresentam relatos de casos clínicos de pacientes portadores de Ataxia Cerebelar, mostramndo como a Fisioterapia é útil e indispensável no tratamento, tendo os pacientes uma evolução favorável e progressiva.

3. Pesquisadores descobriram um novo tratamento para uma forma rara de ataxia hereditária, trazendo melhorias importantes, conforme estudo publicado na edição de 10 de abril de 2006, do periódico Neurology, jornal científico da Academia Americana de Neurologia.

Os pesquisadores descobriram que alguns pacientes com ataxia hereditária apresentam nível reduzido da coenzima Q10, ou CoQ10, em seus músculos. A CoQ10, também chamada ubiquinona, é uma substância similar à vitamina que atua na produção de energia no interior das células. Está naturalmente presente em pequenas quantidades em vários alimentos.

Em pacientes com Níveis de CoQ10 reduzidos (cerca de 70% abaixo do normal) que receberam suplementos diários de CoQ10, entre 300 e 3000mg, melhoraram.; fortaleceram-se, com redução ou até parada das convulsões. Após um ano tomando a CoQ10, os resultados dos pacientes nos testes de equilíbrio, fala e movimento melhoraram em cerca de 25%. Antes de receber CoQ10, cinco dos pacientes não podiam andar e, após o tratamento, podiam andar com algum tipo de ajuda.

Existem muitas formas de ataxia hereditária, também conhecida como ataxia espinocerebelar, ou SCA (em inglês). Esses pacientes não tinham a forma dominante autossômica de SCA (SCA1 a SCA5) ou ataxia de Friedreich. As descobertas sugerem que a deficiência da CoQ10 é uma causa potencial importante para algumas formas de ataxia familiar e deve ser considerada no momento do diagnóstico da doença. Quando baixos níveis forem encontrados, o tratamento para suprimir essa falta de CoQ10 deve começar o mais cedo possível, dizem os pesquisadores.

4. 20 de agosto de 2006 - Uma equipe de pesquisa do Scripps e da escola de medicina da Universidade da Califórnia desenvolveu compostos que reativaram o gene responsável pela doença neurodegenerativa - a AF, dando esperança para um tratamento eficaz para este distúrbio devastador e muitas vezes letal. Os resultados da pesquisa estão publicados na edição de 20 de agosto de 2006, em uma versão on-line da revista "Nature Chemical Biology".

Neste novo estudo, os pesquisadores testaram uma variedade dos compostos que inibiram um grupo de enzimas conhecidas como deacetilase de histona, em uma linha de células derivadas de células de sangue de indivíduos portadores da Atachia de Friedreich. Um destes inibidores tem o efeito de reativar o gene da frataxina, que é silenciado naqueles quando da presença de AF. Os pesquisadores tentaram então aprimorar nessa molécula a síntese dos novos derivados, identificando compostos que poderiam reativar o gene da frataxina nas células do sangue colhido em 13 portadores de AF. De fato, um dos compostos testados pelos pesquisadores produziu a reativação do gene da frataxina em 100% das células em estudo.

O trabalho do Dr. Gottesfeld oferece a imensa promessa da real terapia benéfica para pacientes com AF. "Esta descoberta parece ser nosso único prospecto a curto prazo para a transcrição significativamente crescente do gene da frataxina. A FARA está satisfeita de ter podido fazer parte deste importante trabalho"

Outros tratamentos para a Ataxia de Friedreich em desenvolvimento estão mais voltados para melhorar os sintomas da doença do que se fixarem no âmago do problema da produção baixa de frataxina. Os compostos adicionais que aumentam a expressão da frataxina foram desenvolvidos também, mas são demasiado tóxicos para seu uso em terapias. As terapias de genes ou de células-tronco podem até mesmo estar disponíveis para aumentar a produção de frataxina, porém tais opções são provavelmente para muitos anos ainda. "Nossas pequenas moléculas oferecem uma aproximação terapêutica para perseguir a curto prazo", diz Gottesfeld.

Além dele, os outros autores do novo estudo, intitulado "inibidores da deacetilase de histona revertem os genes silenciados na AF" são David Herman, Kai Jenssen, Ryan Bernett e Elisabetta Soragni, também do Scripps Research, e Susan Perlman da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, Los Angeles.

5. Os começos podem vir com entusiasmo. De repente, algo está no mundo que não estava lá antes. O impacto, entretanto, não é necessariamente abrupto; às vezes havia ondas planas anunciando isto. Um tratamento para o ataxia? Uma cura? Há algumas semanas, as notícias foram emitidas em todo o mundo: o Idebenone e MitoQ podem reduzir os efeitos tóxicos dos radicais livres, A-0001 pode ajudar significativamente a produzir mais energia, outras drogas podem aumentar níveis da frataxina... As pessoas com ataxia de Friedreich estão erradamente à espera do seu começo, por um momento a criar planos para um futuro pessoal que não são de longe absurdos. A companhia suíça Santhera está descrevendo experiências com Idebenone, mas comentários da França questionam os efeitos deste composto.

As Farmacêuticas Santhera, uma companhia biofarmacêutica Suíça direccionada no desenvolvimento de tratamentos para doenças neuromuscular, recentemente anunciou adicionais experiências clínicas no seu produto SNT-MC 17 (idebenone) para o tratamento da ataxia de Friedreich.

O entusiasmo do grande corpo clínico combinado com o excelente e bem documentado perfil de segurança deste composto sustenta a decisão das Farmacêuticas Santhera a iniciar um programa de desenvolvimento clínico para SNT-MC17 (idebenone) na FRDA. À Santhera foi concedida a designação de medicamento órfão para o idebenone e obteve a orientação para o projecto de uma experiência bem-controlada da fase III em multicentros na Europa assim como a selecção de pontos finais em preliminares estudos pela agência europeia de avaliação das medicinas (EMEA). Nestas experiências, que começaram brevemente, nós pretendemos tratar pacientes usando nossas 60 e 150 tabuletas proprietárias do magnésio. Nós antecipamos incluir três braços diferentes de dose de SNT-MC17 (idebenone) permitindo-nos testar a eficácia dos parâmetros neurológicos em paralelo à avaliação da dimensão cardíaca durante um período do tratamento de um ano.

Em resumo, Santhera iniciou um programa de desenvolvimento clínico detalhado na Europa e nos EUA e aponta como meta final obter a aprovação para SNT-MC17 (idebenone) que é actualmente a única opção de tratamento farmacológico com prova clínica da eficácia em FRDA


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Síndrome de Machado Joseph(Ataxia Espinocerebelar)

Introdução:

A doença de Machado-Joseph é uma enfermidade neurodegenerativa do sistema nervoso, multi-sistêmica, descrita inicialmente em açorianos, e que não apresenta atualmente tratamento definido 3,5,7,10,19,22,27,28,31,32,34,37,42. A doença acomete igualmente homens e mulheres, com idade de início clínico variável, entre a segunda e a sexta décadas de vida 3,5,19,27,37,42. A enfermidade é transmitida geneticamente, por herança autossômica dominante. Estudos recentes 32 indicam que o gene mutante (MJD1) está localizado no braço longo do cromossomo 14, com expansões estáveis das repetições CAG. Apesar de ser entidade genética única, apresenta expressão fenotípica variável, observando-se diferentes formas clínicas, com associação de quadros de ataxia cerebelar, piramidais, extrapiramidais, de acometimento do sistema nervoso periférico, oftalmoplegia externa progressiva, fasciculações na face e língua e presença de "bulging eyes"3,5,10,19,22,27,31,34,37,42.

No presente estudo são apresentados os casos clínicos e a investigação complementar realizada em 5 pacientes de uma família residente no Estado de Santa Catarina, portadora da doença de Machado-Joseph.

Casuística e Resultados

Na tabela 1 é apresentada de maneira resumida o quadro clínico observado nos 5 membros estudados desta família. O heredograma da família é mostrado na figura 1. Observa-se pela história familial o acometimento dos membros II-2, II-5 e II-6. O caráter de transmissão genética é claramente autossômico dominante. A média de idade de início da doença é de 38 anos (30-50 anos). A seguir é apresentada a descrição individual de cada caso.

Sinais e sintomas
Pacientes



III-3

III-5

III-7*

III-10

III-15

Dismetria

+

+





+

Disdiadococinesia



+

+



+

Disartria



+

+



+

Nistagmo

+



+

+

+

Manobra do rechaço (+)



+







Tremor





+





Marcha atáxica

+

+

+

+

+

Oftalmoplegia

+

+





+

Diplopia



+





+

"Bulging eyes"



+

+



+

Disfagia



+





+

Reflexo do vômito (++)



+





+

Fraqueza muscular



+





+

Fasciculações:











- Língua



+



+



- Face









+

- Membros



+

+

+

+

Mioquimia









+

Atrofia muscular



+





+

Espasticidade







+

+

Hipotonia



+







Hiperreflexia









+

Hiporreflexia



+







Sinal de Babinski









+

Hipoestesia táctil



+







Hipoestesia dolorosa



+







Hipopalestesia



+







Rigidez muscular





+

+

+

Bradicinesia





+





Postura distônica









+

Tabela 1 - Sinais e sintomas neurológicos nos pacientes estudados

* boa melhora da rigidez muscular com o uso de L-dopa e trihexifenidil



Caso III-5

JAD, paciente com 50 anos de idade e história de 12 anos de evolução, lentamente progressiva, com disartria, disfagia, diplopia, falta de equilíbrio, rigidez muscular em membros inferiores (MI), cãibras, formigamento nos pés, incapacidade de marcha progressiva. Atualmente não consegue mais deambular. Este paciente tinha diagnóstico prévio de esclerose lateral amiotrófica. O exame neurológico mostrou: paciente orientado, contactuante  disártrico, com limitação dos movimentos oculares nas miradas laterais e vertical superior, presença de retração palpebral superior dando falsa impressão de exoftalmia ("bulging eyes" ou sinal de Collier), fasciculações na língua, sem atrofia; reflexo do vômito hiperativo; discreta atrofia de mãos e pés, com diminuição da força muscular nos membros superiores (MS) e MI (grau I), de predomínio distal; hipotonia muscular principalmente nos MS, com fasciculações nos MS e MI; dismetria, disdiadococinesia, manobra do rechaço positiva (+), astasia, abasia, com apoio definindo-se grosseira ataxia de marcha: discreta hipoestesia táctil e dolorosa distal nos pés, bem como hipopalestesia; hiporreflexia profunda nos MS e arreflexia nos MI.



Figura 1 - Heredograma da família a que se refere o estudo de 5 casos.



Caso III-15

OJDF, paciente com 42 anos de idade e história de 12 anos de evolução com disartria, disfagia, diplopia, dificuldade progressiva de marcha, desequilíbrio, rigidez nos MI, cãibras e "tremores" nos músculos. Como antecedentes mórbidos pessoais apresentava doença pulmonar obstrutiva crônica. Ao exame clínico geral observou-se aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax, presença de roncos, estertores bolhosos e sibilos em ambos os campos pleuropulmonares, raras extrassístoles. O exame neurológico mostrou: limitação lateral da abdução ocular e principalmente da mirada vertical superior, nistagmo horizontal nas miradas laterais e vertical, presença de sinal de Collier, mioquimia em regiões peri-oculares, fasciculações na região do mento; reflexo do vômito exacerbado, pés cavos, com artelho em martelo, discreta diminuição de força nos MS e MI (distal), hipertonia tipo rigidez nos MS e tipo espasticidade/rigidez nos MI; postura distônica dos MS, com dismetria e disdiadococinesia; astasia, abasia e ataxia da marcha com apoio; sensibilidades superficial e profunda normais; hiperreflexia produnda generalizada, com clônus aquileu e com trepidação bilateralmente; presença do sinal de Babinski bilateralmente.

Caso III-7

OGD, paciente com 41 anos de idade e história de 5 anos de evolução com bradicinesia, sensação de diminuição de força nos MI acompanhada de rigidez, dificultando a marcha, disartria, disgrafia e diplopia, por vezes. Antecedentes mórbidos pregressos de convulsões na adolescência. O exame neurológico mostrou: nistagmo horizontal nas miradas laterais, presença do sinal de Collier, hipertonia muscular tipo rigidez, principalmente nos MS, fasciculações nos MS e MI, discreto tremor fino nas mãos, disdiadococinesia, distasia, disbasia com marcha tipo atáxico-rígida (em bloco). Este paciente foi medicado com trihexafenidil e L-dopa, com boa melhora do quadro de rigidez muscular e da marcha.

Caso III-10

JOG, paciente com 45 anos de idade e história de um ano de evolução com dores nos MI, cãibras e dificuldade progressiva de marcha. Apresentava hipertensão arterial sistêmica, em tratamento com diuréticos. O exame neurológico revelou: presença de nistagmo horizontal às miradas laterais, fasciculações na língua, hipertonia mista (espasticidade associada à rigidez) nos MI, fasciculações nos MS e MI e ataxia discreta da marcha.

Caso III-3

MGD, paciente com 52 anos de idade e história de um ano de evolução , com sensação de "pernas fracas", dificuldade de deambular, reagindo durante a entrevista com negação da doença. Ao exame neurológico observou-se: presença de nistagmo horizontal às miradas laterais, limitação da mirada vertical superior, discreta dismetria nos MS e ataxia da marcha

Exames complementares

Hemograma, VHS, eletrólitos, creatinina, glicemia de jejum, VDRL, CPK, aldolase, ALT, AST, T3, T4, TSH, colesterol, triglicérides, cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, líquido cefalorraquidiano completo com imunologia para Lues: normais nos pacientes em que foram estudados (casos III-5, III-7, III-10, III-15). Tomografia computadorizada de crânio (TC): atrofia cerebelar difusa discreta (caso III-7), moderada (caso III-10), acentuada (casos III-5 e III-15), além de discreta atrofia cortical cerebral no caso III-15 e discreta atrofia pontina nos casos III-5 e III-10 (Figura 2). Estudos eletroneurofisiológicos: Caso III-3 – não realizados. Caso III-5 – a eletromiografia com sinais de desinervação muscular nos MI, discreta redução de velocidade de condução nos nervos fibulares e surais, potencial evocado de tronco encefálico auditivo normal, potencial evocado visual não realizado por dificuldades técnicas. Caso III-7 – eletromiografia com sinais de desinervação crônica nos MS e MI; condução nervosa e potencial evocado auditivo normais. Caso III-10 – condução nervosa no nervo tibial posterior no limite inferior da normalidade. Caso III-15 – eletromiografia mostrando sinais de desinervação crônica nos MS e MI, redução da condução nervosa nos nervos tibiais posteriores. Biópsia muscular e histoquímica: Casos III-5, III-7, III-10, III-15: biópsia de músculo estriado esquelético (gastrocnêmio) revelou sinais de sesinervação crônica e ativa, sugestiva de doença do neurônio motor inferior. Biópsia de nervo sural: Casos III-5, III-7, III-10, III-15: biópsia do nervo sural, avaliada pela técnica em parafina, mostrou-se normal.

Comentários

No início de 1972, Nakano e col. 22 descreveram quadro de ataxia hereditária em família de emigrantes portugueses (açorianos), em Massachusetts – EUA, definindo-a como Doença de Machado (a família era descendente de William Machado). Os autores observam ser doença herdada por traço autossômico dominante e descreveram 51 pessoas afetadas na família. No quadro clínico predominavam sinais de envolvimento do cerebelo, tronco encefálico e de nervos periférios, tendo os autores discutido diagnóstico diferencial com a ataxia de Friedreich, principalmente 22. Em abril de 1972, Woods e Schaumburg 42, publicaram o estudo de uma família de descendentes de açorianos (família Thomas), com quadro de degeneração espinocerebelar, com herança autossômica dominante. O quadro clínico mostrava combinação de degeneração espinicerebelar, rigidez extrapiramidal e oftalmoplegia externa. Após realizarem estudo anatomopatológico em um membro da família, passaram a denominar esta doença como degeneração nigroespinodenteada com oftalmoplegia nuclear. Rosemberg e col.34, em 1976, relataram estudo de família de extração açoriana (família Joseph) que apresentava quadro progressivo de rigidez parkinsoniana, espasticidade, disartria e anormalidades de motilidade ocular, com estudo anatomopatológico demonstrando perda neuronal severa e gliose no corpo estriado, substância negra e, também, do núcleo denteado do cerebelo. A herança era autossômica dominante e a doença foi descrita como degeneração estriatonigral autossômica dominante. Em 1977, Romanul e col. 27 descreveram família de ancestrais portugueses (açorianos), com quadro progressivo de ataxia de marcha associada a sinais parkinsonianos, distúrbio da motilidade ocular extrínseca, fasciculações musculares, perda de reflexos profundos, nistagmo e respostas cutâneo-plantares extensoras. Os exames anatomopatológicos demonstravam perda neuronal e gliose na substância negra, núcleos pontinos, núcleo vestibular, colunas de Clarke e cornos anteriores da medula espinhal. Esses autores propuseram que a doença por eles estudada seria a mesma descrita anteriormente por Nakano e col. 22, Woods e Schaumburg 42 e Rosemberg e col. 34 como entidades diferentes, representando portanto, entidade genética única com expressão variável e denominaram-na doença açoriana do sistema nervoso 27-29.

Paulo Coutinho e Corino de Andrade 5 em 1978, descreveram desordem genética envolvendo os sistemas cerebelar, piramidal, extrapiramidal e funções motoras da medula espinhal, definindo-a como degeneração do sistema motor autossômica dominante observada em famílias portuguesas de origem açoriana. Nessa oportunidade, classificaram a doença em três formas clínicas; Tipo 1, em que predominam os sinais extrapiramidais e piramidais, (correspondendo a 15% da casuística); Tipo 2, em que predominam os sinais cerebelares e piramidais (correspondendo a 38% dos casos); Tipo 3, em que predominam sinais de atrofia simétrica distal e cerebelares (correspondendo a 47% dos casos). O tipo 1 teria idade de início mais precoce e progressão mais rápida, o tipo 3 teria idade de início mais tardia (40-60 anos) e evolução mais lenta e o tipo 2 teria início e evolução intermediários. Os autores concluíram tratar-se de doença genética única, com expressão fenotípica variável, (englobando os quadros descritos com Nakano e col.22, Woods e Schaumburg 42 e Rosemberg e col.34). Em 1980, Lopes Lima e Paula Coutinho 19 relataram a enfermidade em uma família portuguesa não-açoriana e definiram os critérios clínicos para o diagnóstico: herança autossômica dominante; sinais neurológicos maiores – ataxia cerebelar e sinais piramidais (caracterizando o tipo 2 da doença), associados a síndrome extrapiramidal rígido-distônica (tipo 1 da doença) ou amiotrofia periférica (tipo 3 da doença); sinais neurológicos menores – oftalmoplegia externa progressiva, distonia, fasciculações na língua e face, "bulging eyes". Nesta oportunidade passaram a utilizar a expressão doença de Machado-Joseph 19.

A partir de 1981 surgiram várias publicações descrevendo esta enfermidade ocorrendo, entretanto, muita confusão quanto à terminologia: doença do sistema motor autossômica dominante dos portugueses 31, doença açoriana do sistema nervoso 11,29,30, ataxia de causa desconhecida hereditária autossômica dominante dos portugueses 38, doença açoriana de Machado-Joseph 10, doença de Joseph 35,37. Barbeal e col.3, em 1984, publicaram extenso estudo sobre a história natural da doença de Machado-Joseph, redefinindo os critérios diagnóstico (critérios modificados de Lima e Coutinho) e analisando 138 casos pessoalmente examinados. Descreveram a presença de ataxia em 98% dos casos, sinais piramidais em 75%, sinais periféricos (neurônio motor inferior) em 63% e sinais extrapiramidais em apenas 19% dos casos. A doença é colocada dentro das degenerações atáxicas multi-sistêmicas (juntamente com as atrofias olivo-ponto-cerebelares), fazendo parte das ataxias hereditárias progressivas com herança autossômica dominante 1,2,3,14.

Vários autores têm descrito a ocorrência da doença de Machado-Joseph em outros grupos étnicos. Healton e col.15,16, descreveram o quadro em uma família da etnia negra; Sakai e col. 39 em uma famíla japonesa, bem como Yuasa e col.43; Baharusha e col.4 em uma família indiana; e Pou-Serradell e col. 25 em uma família de origem espanhola. A ocorrência desses casos é explicada por alguns autores como decorrente da expansão portuguesa ultramarina, iniciada em 141510. Rosember e col.32 têm estudado com detalhes a herança autossômica dominante desta degeneração espinocerebelar, acreditando que haveria a presença de um gene mutante no cromossoma 1, que levaria à perda de um fator trófico glial e subsequente perda neuronal progressiva, com gliose reacional.

Os estudos anatomo-patológicos na doença de Machado-Joseph têm revelado perda neuronal associada à gliose reacional nas seguintes estruturas: substância negra, núcleo denteado do cerebelo, núcleos dos nervos pontinos e de outros nervos cranianos, colunas de Clarke e células do corno anterior da medula espinhal, tratos espinocerebelares, interrogando-se o comprimento do corpo estriado 6,10,27,28,32,34,37,42. Vários estudos têm sido realizados, em particular por Rosemberg e col.31,32,34,35, no sentido de detectar alterações estruturais mais específicas e marcadores moleculares da doença de Machado-Joseph. Já foram publicados estudos com a avaliação de padrões de proteína em cultura de fibroblastos e encéfalo 33,36, pesquisa de alterações específicas nos RNA mensageiro no cerebelo 21, estudos dos achados elétro-oculográficos (para detecção precoce da doença)8, avaliação da atividade enzimática encefálica do glutamato e malato desidrogenases 13, além de pesquisa sobre condução nervosa periférica e potencial evocado sensitivo 17. Mais recentemente, passou a ser descrito, além dos três tipos clínicos conhecidos da enfermidade, o tipo 4, caracterizado por apresentar aspectos parkinsonóides associados a sinais cerebelares e amiotrofia distal, costumando iniciar-se entre a sexta e a sétima décadas de vida.20,32.

Entre as entidades clínicas que entram no diagnóstico diferencial da doença de Machado-Joseph estão outras formas de ataxia cerebelar autossômica dominante 1,2,6,9,12,14,18,27,34, a atrofia espinopontina, descrita por Boller-Segarra 24,41 e que alguns autores acreditam tratar-se da doença de Machado-Joseph 40, as degenerações dento-rubral, dento-rubro-palido-luysiana, além das ataxias autossômicas recessivas, como a ataxia de Friedreich e suas variantes1,2,6,9,12,14,27,34. Dentro da classificação clínica das ataxias cerebelares hereditárias propostas por Harding 14, a doença de Machado-Joseph deve ser colocado no grupo das ataxias cerebelares hereditárias de início tardio, do tipo 12.

Existem poucos relatos a respeito de tentativas terapêuticas, tendo sido utilizadas nos casos estudados por Woods e Schaumburg 42, drogas antiparkinsonianas com resultados favoráveis. Ocorreu melhora do quadro extrapiramidal, sem alterar a progressão da doença. Mello e Abbott 20 descreveram melhor a clínica em um paciente apenas, realizando estudo duplo-cego com o uso de sulfametoxazol-trimetropim.

No Brasil, o único relato conhecido desta enfermidade é o de Radvany e col.26, que estudaram duas famílias portuguesas acometidas, tendo a primeira família 12 membros afetados (6 examinados) e 8 a segunda (2 examinados).

No presente relato são analisados 5 membros afetados de uma família de Florianópolis, Santa Catarina. Historicamente, sabe-se que a população local apresenta grande predomínio da emigração portuguesa, em particular da açoriana 23. Os pacientes afetados são todos do sexo masculino, com idade de início dos sintomas entre 30-50 anos, em média 38 anos. Do ponto de vista clínico podemos observar grande variedade de achados neurológicos em diferentes membros de uma mesma família. Os pacientes III-3 e III-10 enquadravam-se na classificação clínica, com tipo 2; o paciente III-5, no tipo 3; o paciente III-7, no tipo 4; o paciente III-15, apresentaria os tipos 1 e 2. O estudo tomográfico craniano destes pacientes revelou graus variáveis de atrofia cerebelar (leve, moderada e acentuada) que, claramente, não são específicos desta doença1,2. Estudos de potenciais evocados auditivos e visuais são escassos e envolvem pequeno número de pacientes, mas pode-se observar que são de pouco auxílio diagnóstico na distinção das diferentes formas de heredo-ataxias cerebelares1. O estudo eletromiográfico mostrou sinais de desinervação crônica, confirmados pelos estudos de histoquímica muscular em quatro pacientes. Não foram observadas alterações nas biópsias de nervos surais, avaliadas por técnica de parafina. Os resultados dos estudos com "teasing" e ultra-estruturais são matéria de publicação em separado.

Acreditamos ser de importância fundamental o estudo desta enfermidade em nosso meio, em face da grande presença de emigrantes portugueses e açorianos.


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